11044 Investig. Educacional


Iniciação à Investigação Educacional
Pretende iniciar o estudante no processo investigativo próprio da Educação e muni-lo de instrumentos básicos que lhe permitam desenvolver procedimentos de investigação. Será analisado todo o percurso de investigação em Ciências Sociais próprio da área científica da Educação – os grandes paradigmas, os diversos métodos e técnicas.


Competências a adquirir pelo estudante:
  • Identificar e distinguir as diferentes etapas de um projeto de investigação educacional;
  • Compreender as diferenças entre métodos e técnicas de investigação;
  • Organizar analiticamente dados de investigação;
  • Desenvolver a capacidade de adequar os objetivos da pesquisa à população em estudo – o caso específico da investigação com crianças.
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Tema 1 – O processo de investigação
1.1 - Conhecimento científico em ciências sociais

A Rutura com o senso comum 
Neste primeiro tema, foram apresentados textos sobre a prática da investigação na nossa área, com ênfase na problemática dos obstáculos que se apresentam às ciências sociais.
Falámos do senso comum, do qual apresento a definição de Santos Silva (1986, p. 31) – “as imagens e as noções construídas no decurso da vida de todos os dias e que configuram o património cognitivo partilhado pelos membros de um dado grupo, as maneiras de pensar e de sentir” – e da necessidade de rutura com os obstáculos.
Mas, quando falamos da necessidade de rutura, há que chamar a atenção “para as trocas continuadas entre o que se designa por senso comum e a prática científica” (Almeida, 1995, p. 22). “As representações, noções e julgamentos que constituem o que se designa habitualmente por senso comum não são, portanto, nem inadequados, nem forçosamente equivocados. As nossas sociedades generalizam até, progressivamente, um senso comum informado em grande parte, aliás, pelas ciências sociais” (Almeida, 1995, p. 20).
Contudo: 
   - as ciências procuram sistematizar o conhecimento
   - as ciências sociais estudam o comportamento humano (o ser humano e as suas interrelações)
   - os cientistas sociais são seres humanos, que procuram interpretar e explicar comportamentos humanos, de forma objetiva, ultrapassando os obstáculos da sua condição de humanos com métodos precisos que superem os obstáculos da sua condição de (agente e) objeto de estudo.

- Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido -

(H. Hesse)

bibl&ref
Almeida, J. (org.). (1995). Introdução à Sociologia. Lisboa: UAb.
Silva, A. (1986.). “A ruptura com o senso comum nas Ciências Sociais”. In Silva, A. & Pinto, J. (orgs). Metodologia das Ciências Sociais. Porto: Ed. Afrontamento, pp. 29-53.
1.2 - As fases do processo de investigação
 

fase 1 - Rutura - Romper com supostas "evidências" do senso comum, que possam constituir obstáculos ao processo - para garantir o rigor do mesmo (com uso da teoria e da metodologia)
(etapa 1) Pergunta de partida - deve definir o objeto de estudo/o problema - deve ser clara (objetiva, sem levantar dúvidas), exequível (passível de execução com os meios disponíveis - RH, $, tempo), pertinente (conduzir a conhecimento e não reportar, apenas, a investigações anteriores, isenta de moralismos e preconceitos);
(etapa 2) Exploração - leituras e entrevistas exploratórias - para obter informação sobre a temática, teorias, investigação anterior; entrevistas com conhecedores ou intervenientes na temática ou no meio;
(etapa 3) Problemática - escolha da abordagem a empregar - orientação teórica escolhida (de acordo com as etapas anteriores);

fase 2 - Construção - Construir o objeto de análise, as teorias explicativas
(etapa 4) Construção do modelo de análise - estreitamente ligada à problemática - definem-se as dimensões de cada conceito a abordar e as hipóteses a serem verificadas;

fase 3 - Verificação - Verificar a validade das teorias, testando as mesmas
(etapa 5) Recolha de dados (/observação) - Conceção, testagem e aplicação dos instrumentos de observação [preparação e operacionalização];
(etapa 6) Análise dos dados - preparação e análise dos dados recolhidos [descrever, agregar] - análise das relações entre as variáveis; comparação com as hipóteses tecidas; interpretação das diferenças detetadas;
(etapa 7) Conclusões - recapitulação dos passos dados, apresentação de resultados, destacando novos conhecimentos e suas consequências práticas.


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Tema 2 - Métodos de Investigação

Os paradigmas em investigação estão associados aos métodos:

a recolha, o registo, e a análise de dados, 
são feitos de forma de forma diferente.

2.1 - Paradigma qualitativo
Fenomenologista – os fenómenos sociais são observados do ponto de vista dos indivíduos que neles participam;
Observação Naturalista (situações reais, que não são forçadas; o investigador procura, também, integrar-se) e sem controlo;
Holístico – o sujeito como um todo e não apenas um conjunto de variáveis objectivas e estáticas;
Subjetivo;
Próximo dos dados (entender os sujeitos e compreender a sua visão dos fenómenos);
(plano de investigação flexível – realidade dinâmica que provoca reajustes)
Indutivo – parte da realidade, onde foi observado um padrão, que leva ao tecer de hipóteses, que levarão à construção de teorias;
Não generalizável – estudo de casos isolados;
Centrado no processo;
Válido – dados reais, ricos,profundos;

(+) Estudos descritivos, intensivos - obtêm informação rica;
(-) impossível de generalizar (só aplicável ao universo estudado).

2.2 - Paradigma quantitativo
Positivista – só o conhecimento científico é verdadeiro; procura as causas para os fenómenos sociais, mas sem ter em conta os aspectos subjetivos dos indivíduos;
Medição rigorosa e controlada;
Particularista, atento apenas a variáveis específicas em observação;
Objetivo;
Externo aos dados (à margem /perspetiva “a partir de fora”);
   - observação objetiva
   - controlo de variáveis
   - selecção de sujeitos/amostragem
(plano de investigação estruturado – realidade estática)
Hipotético-dedutivo – não parte da realidade, mas da teoria => tecem-se hipóteses => observa-se, testa-se => confirmação ou rejeição das hipóteses;
Generalizável – o objetivo é generalizar os resultados; estabelecer relações de causalidade e previsão dos fenómenos;
Centrado nos dados em si;
Fiável – dados sólidos, repetíveis.

(+) Estudos extensivos – grande n.º de informações recolhidas, que podem ser estendidos a toda a população do grupo de amostragem;
(-) a complexidade dos sujeitos, que influencia as respostas, não é considerada.

outras leituras:

 

Aires, L. (2011). Paradigma Qualitativo e Práticas de Investigação Educacional. Lisboa: Uab.

 

 

 

 

Coutinho, C. (2008). A qualidade da investigação educativa de natureza qualitativa: questões relativas à fidelidade e validade. Educação Unisinos 12 (1): pp. 5-15, janeiro/abril.

e outros trabalhos da Prof.ª Clara Pereira Coutinho no ccoutinhoum



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Tema 3 - Técnicas de Investigação

3.1 - Inquérito por questionário

3.2 - Entrevista

3.3 - Observação - grelha de observação, diário de campo...

3.4 - Pesquisa documental

3.5 - A especificidade das crianças


 

INQUÉRITOS EM MEIO ESCOLAR - Procedimentos a cumprir nos pedidos de autorização para aplicação de inquéritos/realização de estudos de investigação em meio escolar. (Direção-Geral da Educação)
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Tema 4 - Análise de dados

Análise de dados qualitativos - análise de conteúdo








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Bibliografia recomendada na UC:

Obrigatória:
Bell, Judith (1997), Como realizar um projecto de investigação, Lisboa, Gradiva.
Quivy, Raymond; Compenhoudt, LucVan (1995), Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Edições Gradiva.

Complementar:
 Carmo, H. & Ferreira, M. (2008), Metodologia de Investigação. Guia para auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
  

imagens acedidas em: 
http://cyberbrethren.com (lápide)